segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Carpinteira do Universo

Dentro desse mundo onde o anormal é o comum e a normalidade é taxada como loucura perdi minhas ferramentas de carpinteira. Sofro por não estar ao meu alcance arrumar a perna de toda messa torta, lixar a cadeira que deixa farpa na bunda ou construir belas camas. Nem todos querem ter onde dormir, nem todos ligam para a dor que vão sentir e muito se acostumaram a comer na mesa bamba por preguiça de mudar a rotina. Mas quando me permitem, dou o meu melhor!

Estou deixando aqui 3 lindas crianças que tive o prazer de carpintar, crianças essas que tratei como se fossem minhas. Meu coração de carpinteira não se conforma de ter de ficar tão longe sem nada poder arrumar. O que consola são os banquinhos que fizemos juntos para que eles pudessem alcançar para fazer a ponte das alturas que suas alturas ainda não alcançam diretamente para o calor de suas mãozinhas curiosas.

O bom de ser carpinteira, é pode trabalhar em qualquer lugar, basta ter alguém precisando do serviço.

E de coração apertado de saudades, fico um pouquinho longe dos que amo com a certeza de que irão se virar bem sem mim, pois quando resolvi que seguiria a profissão jurei para mim mesma que eu não seguraria a escada pra ninguém mas arruma o degrau pra que crescessem sem precisar de mim toda vez que a vida chamasse pra um lugar mais alto.

Como já dizia Raul:

Carpinteira do universo inteiro eu sou, Ah! eu sou assim:
no final,
Carpinteira de mim!


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