quinta-feira, 28 de junho de 2012

Café na cama, eu gosto...

Aqui, tudo tem ido bem.
E as pequenices continuam germinando uma porrada de acontecimentos

Um exemplo:
Estava eu correndo em torno do Patomic River, um rio super bonito, aqui em DC. Não vi um pequeno desnível na calçada, estava cantando "R-E-S-P-E-C-T!" com a Aretha Franklin em um segundo e no outro freiando toda a velocidade com que minha cara daria com a chão com as duas palmas das mãos e meus queridíssimos joelhos. Fiquei de quatro no ato, então aproveitei para sentar e rir, afinal, chorar não ia estancar o sangue. Eu levantei e continuei a correr. Então pensei "20 anos nas costas e tropeçando na calçada, o pior é que eu já fiz isso andando. Pode? Não, não pode. Quer dizer, eu consegui fazer isso! Hahahaha... Ê, Rafaela! Nossa, tá ardendo! Tá. O carro tá mais perto que antes, já, já, tô em casa. Pensa em outra coisa. CANTA! Isso, canta que passa mais...", quase me ralo de novo! Mas dessa vez minha perna foi mais rápida e me parou antes que o chão me fizesse. Resolvi voltar andando mesmo.

Hoje, depois de lavar um ralado mais fundo que o oceano (dramática), ir na farmácia passar álcool nele achando que era água boricada antes de enfaixar e lavar meus belos cabelos com o raladão, tava lembrando de outra pequenice que também me marcou, mas essa foi muito prazeirosa.

Outro exemplo:
Há um tempinho atrás. no final de 2010, fui visitar um amigo. Minha vida tava uma bagunça, eu tava desempregada, mas tava bem feliz, só pra variar. Passei três ou dois dias com ele! Foi entre o Natal e o Ano Novo. Engraçado tentar descrever o sentimento que sinto por ele, mas eu me contentei em apenas viver aquele momento.Jogamos xadrez e conseguimos empatar, comemos polenta e mandioca em uma casa de churrasco em respeito ao meu vegetarianismo, jogamos sinuca, passeamos pela cidade, vimos um filme lindo, então dormimos. Acordei, acordei coberta de amor, um sorriso inocente, olhinhos que brilhavam mas que o sol daquele dia e café na cama! Uma simplicidade tão cheia de amor que fazia parecer coisa de Hollywood! Mas era vida real, de dois anormais. Uma que vai viajar com a vida mais embolada que lã de gato e outro que leva café na cama sem segundas intenções.

Desses dois acontecimentos pra cá, tenho estado atenta para as pequenices. Aprendi a olhar para o chão e a preparar um café da manhã temperado de amor, simplicidade e respeito.

Tudo poderia ser diferente na minha vida, mas não foi, graças a pessoas iluminadíssimas, como ele, querido e eterno amado, e as pedras do caminho. Nas palmas das mão ainda estão as cicatrizes e no meu coração o gosto gostoso daqueles dias.

Que todos aprendam essas magias da convivência, não importa se amigo, amante, irmão, desconhecido, que nossas pequenices germinem o amor. Amar é de graça, faz bem a saúde, rejuvenesce, melhora sua vida profissional e sentimental, é parte da inteligência... Cabe todos os benefícios aqui? Só para finalizar, amar nos dá a capacidade de aprender marcando nossa alma de sentimentos bom, diferente das marcas que temos pela nossa falta de atenção.

Divido um cordel, que me cativa tanto quanto fui cativada por quem dividiu ele comigo, sempre que me dá saudades, recorro as pequenices que me fazem lembrar docê!


Ai Se Sêsse - Zé da Luz

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse



Ahhhh! E pra quem quiser cantar com a Aretha... =)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Aperte o play antes de ler!



Fui em uma apresentação, há duas semanas, do Raul Midon, este queridíssimo do vídeo!
No show dele eu chorei e arrepiei algumas vezes.

Antes de ele começar a tocar essa música, ele disse:

"Um dia, eu estava em casa e resolvi fazer um reggae. Então pensei 'Por onde começar?', então fiz uma base, mas pensei 'Ok! Muito bom, muito bem, mas falta algo!', então comecei a pensar um uma pegada de reggae e resolvi praticar, afinal, isso não é tão fácil, ficou assim"

Ele então, começou a tocar, perfeitamente a música, sem a letra, a base, que normalmente seria feita em um baixo, e a melodia, que seria feita por um outro instrumento, uma guitarra ou violão, no mesmo violão elétrico, então ele continuou a tocando e prosseguiu com a história:

"Meninos! Quando eu vi que o reggae tinha saído, esqueci de toda a minha humildade e pensei comigo mesmo 'Meu Deus! Isso foi incrível! Raul, você é demais!', muitas pessoas diriam 'Raul, você é um gênio!', mas querem saber a verdade? Não tem nada a ver com ser ou não um gênio, só consegui chegar aquele resultado depois de praticar muito. Mesmo assim, não era o suficiente, ainda faltava algo: uma letra! Então comecei a pensar em uma letra, feito isso resolvi colocar tudo junto e ficou mais ou menos assim."

Então,  para a surpresa de todos, quando ele começou a tocar perdeu a base e sua voz saiu do tom. A platéia começou a rir, e ele também. Então ele completou:

"Como eu nunca fui um 'Gênio' eu resolvi praticar, afinal, isso nunca é demais! Espero que gostem."

Acho que este vídeo está suficientemente a altura da qualidade da música que eu ouvi aquele dia, mas eu posso afirmar que ao vivo é muito melhor.

Tenho ouvido muitas reclamações, aborrecimentos, muita tristeza, muitos problemas, e não me tiro dessa. Confesso que essas semana foi muito difícil para mim, deu saudades, me perdi nas milhões de coisas que ainda quero fazer, comi doces veganos que nem uma desesperada. Mas são poucos, POUQUÍSSIMOS, aqueles que tomam uma atitude diante a um insatisfação.

Meu plano é ser sempre melhor, eu ia escrever "mas como sou humana..." para justificar as vezes em que não consigo ser, mas isso seria me acomodar. Minha condição humana é só um caminho para a minha evolução e não uma desculpa para justificar a dificuldade de evoluir. Ninguém disse que seria fácil e sempre que é fácil, nossa mente automaticamente inventa mil problemas para dar mais emoção a vida. O que torna todas esses obstáculos cotidianos prazerosos é o por que deles, a motivação. Buda, Krishna, Jesus Cristo, todos passaram por dificuldades e por provas diárias para testar a sua evolução, mas é a vontade de ser uma pessoa melhor, é pelo amor ao próximo, pela entrega, disciplina, dedicação e resignação, que esses seres iluminadíssimos continuam a contribuir para a nossa evolução até os dias de hoje.

Imperfeição não é ter defeitos, mas aceitar que eles sejam sempre os mesmos. Qual o sentido de continuar vivendo sem transformações? Qual a diferença que você quer para você, para os que te rodeiam?
Qual é a desculpa agora para não ligar para um amigo, não visitar sua avó ou não ajudar a carregar as compras do mercado? Qual o tamanho do muro que dividi a sua casa do resto do mundo para você não conseguir dar nem um "Oi!" para uma pessoa na rua?

Raul Midon, em sua condição humana, é cego, mas isso é apenas um detalhe que, talvez, alguns que não o conhecessem antes desse texto não perceberiam se eu não tivesse falado. Sua condição humana não foi mais importante do que o amor que ele sentia pela arma que ele tinha para transformar o que o incomodava. Então agora eu repito:


Imperfeição não é ter defeitos, mas aceitar que eles sejam sempre os mesmos. Qual o sentido de continuar vivendo sem transformações? Qual a diferença que você quer para você, para os que te rodeiam?
Qual é a desculpa agora para não ligar para um amigo, não visitar sua avó ou não ajudar a carregar as compras do mercado? Qual o tamanho do muro que dividi a sua casa do resto do mundo para você não conseguir dar nem um "Oi!" para uma pessoa na rua?

"This prison is of my on invention!"
(Essa prisão é de minha própria invenção)

O que te prende a imperfeição?

Grande beijo e um abraço cheio de saudades,
uma semana iluminada!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Só não preciso de você por que te amo!

Agora, escolher estar ao teu lado, já são outros 500.

Nota: estar ao teu lado não é estar na mesma casa, bairro, cidade, estado, pais, continente. Estar ao teu lado é participar, manter-me responsável, lembrar da sua importância para que eu continue não precisando de você.

Outro dia eu tava me olhando no espelho. Antigamente eu não gostava de posar de perfil para uma foto, tinha um complexo danado com as minhas orelhas. Esses dias, reconheci essas orelhinhas de abano no meu sobrinho. Tia e sobrinho com orelhas cheias de charme e personalidade. Nunca senti tanta vontade de mostrar minhas orelhas. Sabe o que é? A gente aprende a amar aos poucos. A saudades dói, mas meu sobrinho tá tão lindo, tá crescendo, tá forte. É um amor de tia tão gostoso! As opções: são sorrir pra ele na webcam e falar aqui o quão apaixonante é o olhão dele quando ele abre um sorriso ou me lamentar por tamanha distância. Não estou perdendo uma fase do meu sobrinho, estou passando por uma fase que acredito que me fará uma pessoa melhor para o meu sobrinho. É por isso que o amo, minha saudade (que é bem grande, diga-se de passagem) é menor do que o amor que sinto e a vontade que esse amor alimenta de eu me tornar uma pessoa mais doce, mais sábia, mais paciente.


Outro dia um amigo comentou quando eu falei que achava difícil eu casar: "Deve ser entediante passar o resto da vida com você!". Não bebo, não fumo, não como carne, nem leite eu bebo. Acho importante confessar que eu ainda faço um LOVE! Hahahaha... Mas, sinceramente, acho que não seria TÃOOOO entediante assim, vai! Pra mim, entediante mesmo seria ter de fazer de conta que amar é aceitar o que não te traz felicidade só por que a sociedade diz que 30 anos já passou da hora de casar. Quando moramos sozinhos por um tempo, nos acostumamos com o ambiente que construímos. Fui abençoada com o Siriema, um espaço com muito amor, arte, sem vícios. A paz reinava. Escolhi escolher um lar sem crueldade animal, onde o tédio eu transformo em melodia ao invés de esconder em uma lata de cerveja. Se eu for casar, quero que minha TV quebre e que eu só perceba no dia que minha vó quiser assistir a novela lá em casa. Se um dia eu me juntar, quero gatinhos dormindo no pé da cama e dançar juntinho com um LP rodando tortinho na vitrola. Se for pra juntar as escovas de dentes, quero juntar os pés nas noites frias, as idéias quando o silêncio estiver pedindo um arrego e os braços quando os corpos suplicarem por abraços. Bilhetes de "Amo você" dentro do sapato, café da manhã na cama e flores no nosso quarto, também. E esses não são pedidos, mas ofertas sinceras. Não sei se isso é entediante, mas essa sou eu. Sou eu por que te amo e só é por que te amo que aprendi a me amar e dar valor a essas simplicidades simplesmente plenas. Te amar não seria possível se eu não tivesse me re-conhecido assim: orelhudinha, vegana, apaixonada por música alta, conversando com meus amigos enquanto cozinho, careta, com um sorriso fácil, com (a)braços abertos e gratuitos. 


Outro dia me peguei andando no meio do caminho em direção ao amor. Não bebo, mas tô do lado de quem bebe. Falo palavrão, mas estou do lado de quem não fala. Estava em uma mesa onde meu prato era de salada e o do meu vizinho uma costela de boi. Fiz trabalho voluntário com veganos ativistas já fazem anos. Fui em um churrasco. Participei de práticas yogis extremistas. Nem lá, nem cá. O amor que sinto sinto do meu ponto de vista. O extremismo (ou não) que você enxerga são outros 500.


Hoje, já não quero provar nada pra ninguém. Hoje, outros pontos de vistas já não me fazem diferença. Hoje, aprendi a falar SIM e NÃO.

Me amo e me respeito, assim como sou.
Te amo e te respeito, assim como tu és.

Prefiro dar valor as nossas semelhanças, mas não ignoro nossas diferenças, afinal, são elas as principais fontes de aprendizado, de compaixão, de paciência.

Estou sorrindo mesmo de longe, mas não seja tolo. Essa é uma boca cheia de amor por você!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dona de casa coloca o lixo pra dentro!

"'Não vejo sentido em colocá-lo do lado de fora da casa, o lixo fui eu quem produzi o lixo? A responsabilidade não é minha? Do meu lixo cuido eu!' foi o que R.R. disse quando questionei sobre sua atitude. Enquanto eu tentava qualquer tipo de explicação racional para tamanha falta de normalidade, R.R. parecia se irritar.
O fato ocorreu na tarde de hoje, em nossa pacata cidade. Foi as 11 da manhã, horário em que o caminhão de lixo passa pontualmente todas as sexta-feiras: uma das vizinhas notou que o lixo da casa 1807 não estava lá! Preocupada com as responsabilidades que não cabia a ela, a vizinha chamou a outra vizinha, que chamou a outra, que chamou a outra. O caso foi grave! Então decidiram tocar a campainha. Segundo relatos, R.R. abriu a porta normalmente e a conversa entre vizinhas seguiu:

R.R. - Boa tarde!
Vizinhas - Boa tarde...
R.R. - Está tudo bem na vizinhança? Vocês estão precisando de algo? Posso ajudar?
A primeira vizinha a notar o ocorrido - Olha, R.R, eu estava regando minhas plantas no quintal e notei que alguém roubou seu lixo!
Vizinha que soube depois - Sim... Decidimos te avisar, afinal, podia haver algo importante nele, talvez...
R.R. - O que?
Qualquer outra vizinha - É um absurdo, nós sabemos, mas viemos oferecer nossa sincera...

A porta se fechou abruptamente e até então tudo era mistério. Preocupadas com a situação da pobre R.R. e a favor da política da boa vizinhança todas decidiram que o melhor a fazer era notificar a polícia, que notificou o estado, que notificou a imprensa, que agora vos notifica. Pouco mais tarde que a tentativa frustrada das vizinhas, nossa equipe conseguiu um contato mais próximo mais mesmo assim não muito explicativo. Ao que parece, de acordo com o Médico Doutor em Doenças Mentais dos Tempos Modernos, R.R. é vítima de uma doença rara onde a pessoa cai em depressão profunda e ignora qualquer tipo de relação social normal indo contra todas as leis de boa convivência ou que possam ser taxadas como politicamente corretas, não se sabe muito sobre a doença, os pesquisadores tratam-a como Hipocrisialis Incapacitis."


O REAL TESTEMUNHO DE R.R.

Eu estava na internet e me deparei com esta foto:


Achei bacana, pois me transpareceu serenidade, paz. Cliquei para ampliar e li a descrição da foto. Era um rapaz, falando que o Brasil dá vergonha, que expulsaram esse pobre senhor que só queria ler um livro. Fiquei irada, meti logo um comentário: "Por que não comprou um livro pro Senhor? Tirar foto e compartilhar no face não muda muita coisa."
Resolvi ler os outros comentários e achei um interessante: "Isso é balela, o post original é esse aqui!". Então, havia um link que direcionava para uma versão completamente diferente, que dizia que esse senhor sorria enquanto lia e ninguém o perturbou.

Pronto. Eu já havia esquecido o meu lixo!

Fiquei tão preocupado com o lixo do meu vizinho que esqueci do meu lixo.
Agora já foi.

É tanta informação, tanta coisa desperdiçada, tanta falta de comida, que os valores foram invertidos e não se sabe mais o que realmente tem valor. Passar uma falsa informação adiante ou julgar uma situação é produzir lixo tóxico.

Resolvi reciclar meu lixo hoje!
Respirei fundo diante de tanta ignorância, o que inclui a minha.
Me calei e botei o lixo para dentro.
E para vossa real informação, a minha vizinha não tem plantas no quintal.