segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Carpinteira do Universo

Dentro desse mundo onde o anormal é o comum e a normalidade é taxada como loucura perdi minhas ferramentas de carpinteira. Sofro por não estar ao meu alcance arrumar a perna de toda messa torta, lixar a cadeira que deixa farpa na bunda ou construir belas camas. Nem todos querem ter onde dormir, nem todos ligam para a dor que vão sentir e muito se acostumaram a comer na mesa bamba por preguiça de mudar a rotina. Mas quando me permitem, dou o meu melhor!

Estou deixando aqui 3 lindas crianças que tive o prazer de carpintar, crianças essas que tratei como se fossem minhas. Meu coração de carpinteira não se conforma de ter de ficar tão longe sem nada poder arrumar. O que consola são os banquinhos que fizemos juntos para que eles pudessem alcançar para fazer a ponte das alturas que suas alturas ainda não alcançam diretamente para o calor de suas mãozinhas curiosas.

O bom de ser carpinteira, é pode trabalhar em qualquer lugar, basta ter alguém precisando do serviço.

E de coração apertado de saudades, fico um pouquinho longe dos que amo com a certeza de que irão se virar bem sem mim, pois quando resolvi que seguiria a profissão jurei para mim mesma que eu não seguraria a escada pra ninguém mas arruma o degrau pra que crescessem sem precisar de mim toda vez que a vida chamasse pra um lugar mais alto.

Como já dizia Raul:

Carpinteira do universo inteiro eu sou, Ah! eu sou assim:
no final,
Carpinteira de mim!


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Fronteira



Sabe qual o nome das fronteiras invisíveis que colocam limites nos países? DINHEIRO! Sim, dinheiro.
Olha, tô num desespero! Hoje liguei pra minha avó com uma voz que ela preocupou na hora:
"- Vó! Minhas malas tão muito pesadas! É livro demais!"

Como eu faço?
Já separei uma sacolona de roupas! O que eu faço?
Será que só pagar uma mala extra para carregar o meu livro será suficiente?

O que eu faço?
O que eu faço pra conseguir dividir em um mundo onde as pessoas só querem aprender a multiplicar o que tem sem ao menos aprender a somar com os que nunca tiveram nada?

Os livros que eu levo não são pra mim, nem os LP's e nem os CD's. Eles são pra todos, só vou cuida-los para que eles possam circular por ai! Essa cultura daqui, a música, o conhecimento, os desenhos, as artes, elas são patrimônio do mundo, elas não são de um país, de uma pessoa.

Gente... Não pode ser ingenuidade minha! Não mesmo! Ninguém faz nada sozinho, não existe mérito individual! Poxa vida! Será que o homem teria inventado o avião se não visse os pássaros voando? Será que haveria descobrimentos científicos não fossem pessoas e animais morrendo para que eles fossem testados em prol de uma cura para aqueles que sofrem por não serem saudáveis? E a história é cheia de muitos outros exemplos que provam a interdependência essencial para evolução humana. Pois bem, de ante de tantos exemplos, como centralizar uma conquista, uma evolução em um ser, em uma universidade, em uma nação? Mérito? Mérito de que? Mérito pra que? Não, não, não. Não concordo, tá tudo errado! Tal pessoa incentivou a ação? A nação incentivou? Ahhhh... Tá! Mas da onde veio o dinheiro? De pessoas sem dinheiro que trabalham de prol de um patrão ou nação e nunca terão o dinheiro para ter acesso ao conteúdo que gerou esse mérito?

O que eu faço? O que você faz?
Acham isso justo?

Vamos continuar centralizando o conhecimento, a arte, a cultura, nas mãos dos que tem dinheiro?
Então tá, um apelo para os que tem dinheiro: VAMOS DIVIDIR! DIVIDA! POR FAVOR, DIVIDA!
Eu adorooooo gastar, gasto adoidado, por que gasto pra dividir, e trabalho de novo, trabalho e trabalho mais ainda por que sei que aquele dia de trabalho delicioso com as minhas crianças, fazendo massagem em alguém vai virar um livro que vai ensinar alguém que vai ensinar alguém e assim o meu CAPITAL vai circular de maneira eficiente, me desprendo e só recebo mais em troca.

Eu pago o que for pra quem quiser centralizar, mas os MEUS livros vão fazer uma viagem direta até a comunidade da Brasilândia!

E se eu peguei uma arma pra aprender a atirar rosas com o Tio Sam, agora eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro!

Tô puta mesmo e não quero nem saber. Acho uma putaria esse egoísmo, e não é uma critica só aos EUA nãoooooo, Cuba é uma putaria também com essa porra de comunismo onde ninguém tem papel pra limpar a bunda e o Fidel caga numa privada de ouro.

Falem o que quiser, pensem o que quiser.

Logo mais estarei em Cuba voltando com salsa, livros em espanhol e outro blog pra dividir com quem eu quiser.

Beijos e abraços pro Obama, Fidel e especialmente pros que dividiram minha frustração. Bem melhor agora, prometo que toda essa irritação vai virar força pra continuar dividindo.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Normalidade



Outro dia estava no mercado com o meu maior! Como duas pessoas abençoadas com corpos de anatomia que seguem os padrões da "normalidade" e saudáveis, pedalamos em nossas bicicletas até o mercado, devidamente protegidas com nossos capacetes. Chegando no mercado, trancamos as bicicletas em um poste e entramos. Em um dos corredores encontramos uma mulher com o corpo que não seguia os padrões da "normalidade", uma anã que andava em uma espécie de cadeira elétrica que controlava com uma mão, ela parecia ter mais alguns desequilíbrio em sua anatomia. Quando demos licença para que ela passasse com o aparelho que pilotava ela sorriu e agradeceu e eu sorri de volta. Depois que ela passou do nosso corredor o meu mais velho começou o diálogo:

- Oh! Meu Deus! Isso foi assustador!
- Quer saber o que me assusta desse jeito?
- O que?
- Estarmos no mercado há mais de 5 minutos e você continuar com esse capacete na cabeça! Tá com medo de tropeçar, é?

Depois que rimos fiz questão de explicar que a gente costuma se assustar com o que é diferente mais na verdade ninguém é igual a ninguém e nossas diferenças deveriam ser respeitadas e admiradas pelas suas particularidades, a serenidade com que ele sorriu e concordou com o que eu disse me acalmou o coração, acho que da próxima vez que cruzarmos com essa mulher, sorriremos juntos depois dela nos agradecer por darmos licença.



Com a Terapia Crânio Sacral reconheci muitas "anormalidades" anatômicas que passam ilesas aos julgamentos de quem se acha normal. Ontem tive a oportunidade de partilhar meu dia com uma criança abençoada! Um menino de olhos brilhantes que tem autismo.

Andar ao lado dele sem ser notado seria impossível, autistas desenvolve manias para alivia sua ansiedade e nervosismo e com ele não é diferente. Falei mais do que escutei, colori mais do que auxiliei uma criança a colorir, mais aprendi muito mais do que ensinei, sem sombra de dúvidas! É tudo muito simples, é tudo muito sem pudor, a comunicação e as ações não passam de uma questão de necessidade. Quando ele não soube pedir arroz integral no menu do restaurante ele simplesmente pegou o arroz do meu prato com as próprias mãos para mostrar que era aquilo que mataria a fome que ele estava. E quando reparei que todos olharam nas mesas ao redor, minha vontade era comer com as mãos também!

Então eu pergunto, o que é normal? Deixar suas necessidades de lado para encaixar-se em padrões hipócritas e ser incluso em uma sociedade que caga pro que te faz feliz?

Não, não sou normal, nem de longe!

Ontem, enquanto andávamos na rua algo no corpo dele pediu que ele desse pulinhos a cada dois passos, daí, algo no meu corpo me pediu que eu o acompanhasse! Estávamos de mãos dadas, dando pulos sincronizados em Adams Morgan, com uma neve leve caindo e nosso corpo nos esquentando do frio que nos fazia pular.

E quanto mais eu vivo, mais respeito as diferenças e mais enxergo mestres grandiosos no que os olhos dos que julgam costumam diminuir. Só aprende aquele que está disposto, só se liberta aquele que está disposto a aguentar a corrente de vento forte que suas asas aprendem a controlar.

AME, é tudo que eu tenho a dizer, ame os outros, ame cada minuto de suas vida, não perca um segundo sem amar. Seja grato, dê valor. Nada na vida é por acaso e todo acontecimento é evento de aprendizado!

Abraço em todos que olharam feio pra moça que pilotava com louvou o seu carrinho e para o grande amigo que fiz ontem, que consigam ao menos reconhecer suas anormalidades antes de julgar as alheias.
E um outro abraço para todos os anormais que me acompanham na luta de normalizar a anormalidade!




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Eu vou te falar...

Nunca estive tão feliz por ter feito as escolhas que fiz. No final quem realmente liga pra você vai entender o por que de suas escolhas ou pelo menos respeitar.

Não vou falar que é um mar de rosas, não é!
Acho que a partir do momento que você escolhe ser o que é, tudo mudo. Ontem mesmo estava falando com um amigo queridíssimo e ele me dizendo que só quem me conhece não se assusta comigo.
Ser sincera, tirar uma foto atrás de um cartaz de nudez, abraçar a praça da Sé inteira, falar de sexo em um blog que a mãe e a avó lêem, cuidar de duas crianças que não são suas como se fossem, sair de um emprego com um ótimo salário para passar um ano na terra do capitalismo, foram rosas cheias de espinhos mas com um perfume delicioso.

Acho que ser você é aceitar que nem a certeza do que se é é certa. Permita-se, ame, mude, evolua, caia, levante, ria, chore, vá, volte, vá de novo, erre, aprenda, ensine.

Só faço um pedido, cuidado para não acreditar na felicidade que os outros pregam pra você, de você, é você quem sabe. Só levante uma bandeira se você mesmo tiver pintado o que ela prega!
A vida é curta demais para que vivamos uma vida que não gostaríamos de viver. FAÇA O QUE TE FAZ SORRIR, SEJA LÁ O QUE ISSO FOR!