domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Normalidade



Outro dia estava no mercado com o meu maior! Como duas pessoas abençoadas com corpos de anatomia que seguem os padrões da "normalidade" e saudáveis, pedalamos em nossas bicicletas até o mercado, devidamente protegidas com nossos capacetes. Chegando no mercado, trancamos as bicicletas em um poste e entramos. Em um dos corredores encontramos uma mulher com o corpo que não seguia os padrões da "normalidade", uma anã que andava em uma espécie de cadeira elétrica que controlava com uma mão, ela parecia ter mais alguns desequilíbrio em sua anatomia. Quando demos licença para que ela passasse com o aparelho que pilotava ela sorriu e agradeceu e eu sorri de volta. Depois que ela passou do nosso corredor o meu mais velho começou o diálogo:

- Oh! Meu Deus! Isso foi assustador!
- Quer saber o que me assusta desse jeito?
- O que?
- Estarmos no mercado há mais de 5 minutos e você continuar com esse capacete na cabeça! Tá com medo de tropeçar, é?

Depois que rimos fiz questão de explicar que a gente costuma se assustar com o que é diferente mais na verdade ninguém é igual a ninguém e nossas diferenças deveriam ser respeitadas e admiradas pelas suas particularidades, a serenidade com que ele sorriu e concordou com o que eu disse me acalmou o coração, acho que da próxima vez que cruzarmos com essa mulher, sorriremos juntos depois dela nos agradecer por darmos licença.



Com a Terapia Crânio Sacral reconheci muitas "anormalidades" anatômicas que passam ilesas aos julgamentos de quem se acha normal. Ontem tive a oportunidade de partilhar meu dia com uma criança abençoada! Um menino de olhos brilhantes que tem autismo.

Andar ao lado dele sem ser notado seria impossível, autistas desenvolve manias para alivia sua ansiedade e nervosismo e com ele não é diferente. Falei mais do que escutei, colori mais do que auxiliei uma criança a colorir, mais aprendi muito mais do que ensinei, sem sombra de dúvidas! É tudo muito simples, é tudo muito sem pudor, a comunicação e as ações não passam de uma questão de necessidade. Quando ele não soube pedir arroz integral no menu do restaurante ele simplesmente pegou o arroz do meu prato com as próprias mãos para mostrar que era aquilo que mataria a fome que ele estava. E quando reparei que todos olharam nas mesas ao redor, minha vontade era comer com as mãos também!

Então eu pergunto, o que é normal? Deixar suas necessidades de lado para encaixar-se em padrões hipócritas e ser incluso em uma sociedade que caga pro que te faz feliz?

Não, não sou normal, nem de longe!

Ontem, enquanto andávamos na rua algo no corpo dele pediu que ele desse pulinhos a cada dois passos, daí, algo no meu corpo me pediu que eu o acompanhasse! Estávamos de mãos dadas, dando pulos sincronizados em Adams Morgan, com uma neve leve caindo e nosso corpo nos esquentando do frio que nos fazia pular.

E quanto mais eu vivo, mais respeito as diferenças e mais enxergo mestres grandiosos no que os olhos dos que julgam costumam diminuir. Só aprende aquele que está disposto, só se liberta aquele que está disposto a aguentar a corrente de vento forte que suas asas aprendem a controlar.

AME, é tudo que eu tenho a dizer, ame os outros, ame cada minuto de suas vida, não perca um segundo sem amar. Seja grato, dê valor. Nada na vida é por acaso e todo acontecimento é evento de aprendizado!

Abraço em todos que olharam feio pra moça que pilotava com louvou o seu carrinho e para o grande amigo que fiz ontem, que consigam ao menos reconhecer suas anormalidades antes de julgar as alheias.
E um outro abraço para todos os anormais que me acompanham na luta de normalizar a anormalidade!




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